segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Falar e ouvir

Aprender a ouvir é uma boa prática. Aprender a entender o que ouviu é uma prática melhor ainda. Explico. As vezes a beleza não está no que é visto, afinal o que é visto é só um reflexo de diferentes comprimentos de onda que no final das contas mostra a imagem. A beleza de fato está em quem olha, quem vê e interpreta no cérebro os matizes das cores, e mais, a sensação subjetiva que nos dá os matizes, que seria a cor inexistente. Combinações de cores nos despertam sensações diferentes que as cores isoladas. Mas isso é para outro dia. Quando ouvimos uma frase, ela deve ser interpretada no contexto, ou seja, "eu gosto de você", quando dito frontalmente com os olhos nos olhos, é muitas vezes um gostar amigo. "Eu gosto de você", dito tocando o braço de alguém em tom baixo ao pé do ouvido, de forma rouca, sensual quer dizer eu gosto de você em outro sentido, o sentido do amor, a relação homem e mulher. Mas isso não é só para "eu gosto", é para tudo. A forma como nós interpretamos o que nos é dito é a forma de real valor, pelo menos para nós. Portanto devemos ter cuidado ao interpretar o que ouvimos e o que falamos. Sempre haverá quem nos entenda de forma errada, o labirinto da mente humana torce o sentido das palavras da forma a, coincidentemente, atender as necessidades de quem ouve, ou simplesmente de forma errada porque foi entendido assim. Falar é um exercício perigoso, não o falar em si, mas o ser interpretado, a distância entre o que é falado e o que é ouvido as vezes é a mesma entre você e sua imagem no espelho, rigorosamente iguais, mas invertido.

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