quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Neruda

Lia uma entrevista da Clarice Lispector com Pablo Neruda. Gosto do Neruda e ele faz parte da minha leitura. Bem, no frigir dos ovos a pergunta que ficou em minha mente foi:
Clarice Lispector - Você já sofreu por amor?
Neruda - E espero sofrer muito mais.
Isso sintetiza um pouco do que eu falei abaixo, na postagem anterior. Amar e sofrer por amor são processos que podem estar ligados, mas que no final das contas podem ser encarados como "legais". Amar sempre é bom. Quem nunca amou ardorosamente, paixão desenfreada com uma pitada de irracionalidade, um tempero puxado de desejo? É muito bom, excelente, fantástico até. E quem nunca perdeu um amor assim? Eu já perdi e senti a dor de perder um amor. Parece o fim de tudo, você perde seu lugar. A posição típica de dormir não serve mais. Os hobbies perdem sua atratividade, as pessoas perdem sua cor, a comida perde seu tempero saboroso. Mas por outro lado, a mente trabalha melhor a dor, a dor dá lugar a inspiração poética, como se cada palavra traçada deixasse um pouco do sofrimento e substituisse por ... algo novo, um renascimento. Até ser substituido por outro amor ou ser engavetado. Sim, possuo amores engavetados, amores mal terminados, amores pendentes que um dia tentarei reviver se a vida e as coincidências o permitirem. Escrevo quando estou bem, escrevo quando estou ruim. Mas quando estou ruim escrevo melhor.

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